Origem e significado dos nomes de
Portugal e da Galiza1
Luís Magarinhos2
[email protected]
Resumo:
Neste trabalho descrevemos a origem e significado dos nomes de Portugal e da Galiza à
luz da linguística e da arqueologia. Centrámo-nos especialmente no que hoje é a cidade
do Porto como localização originária da forma Cale (evoluída em Calécia / Gallaecia /
Galiza) e do seu porto, o Porto de Cale, que posteriormente derivou em Portugal.
Palavras-chave:
cale, portu cale, porto, origem, significado, nome, calécia, gallaecia, galiza, portugal
Abstract:
This paper describes the origin and meaning of names of Portugal and Galicia in the light of
linguistics and archeology. We are focused particularly in the city of Oporto as the original
location of Cale (evolved into Calécia / Gallaecia / Galicia) and its port, the Port of Cale,
later derived in Portugal.
Key words:
cale, portu cale, porto, origin, meaning, name, calécia, gallaecia, galicia, portugal
1
MAGARINHOS, L. (2011). “Origem e significado dos nomes de Portugal e Galiza” In AA.VV.:
Actas do III Congreso Internacional sobre a cultura celta: Os celtas da Europa atlántica. 15, 16 e 17
de Abril de 2011. Narón. pp. 537-546 - Comunicação apresentada no III Congresso Internacional
sobre a Cultura Celta: Os Celtas da Europa Atlântica. 15, 16 e 17 de Abril de 2011. Narón (Galiza).
Vídeo da apresentação: http://goo.gl/xdd3Qn
2
Mestrando em Arqueologia e Ciencias da Antigüidade e mestre em Cultura e Literatura
Comparada pola Universidade de Santiago de Compostela (USC). Licenciado em Humanidades
pola Universitat Pompeu Fabra (UPF) de Barcelona, com formação interdisciplinar no campo das
ciencias sociais e humanidades tem dedicado especial atenção aos estudos culturais no ámbito
europeu e lusófono. Ampliou estudos nas universidades de Vigo, Porto (UP-Portugal), onde foi
aluno de Armando Coelho Ferreira da Silva e Presbiteriana Mackenzie (São Paulo, Brasil).
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INTRODUÇÃO
Nenhum país com aspirações e vontade de ser no campo da modernidade, pode
construir um futuro com auto-estima suficiente se não assume com honestidade e
valentia intelectual os verdadeiros pilares que sustentam a sua identidade colectiva
e as suas próprias origens como povo.
Hoje sabemos que Portugal e a Galiza partilham uma identidade cultural e
linguística comúm, assim como um passado histórico e proto-histórico conjunto
numa realidade geográfica e geológica própria. No âmbito etnológico e antropológico os traços comúns são também muito marcantes.
Mas a ligação galego-portuguesa apresenta também um componente simbólica
muito importante que tem a ver com a origem e significado dos nomes de Portugal
e da Galiza.
CALE, GAL E A BUSCA DAS ORIGENS
Uma primeira olhada leiga sob as palavras PortuGal e Galiza, permite-nos perceber
de imediato a existência dum radical Gal contido nos dois vocábulos. O qual nos
faz pensar de imediato numa ligação etimológica entre as duas denominações.
Aliás, a forma Gal não é mais do que uma derivação latina do radical indo-europeu
Cale (Calem segundo as fontes).
A origem da palavra Galiza (Calécia, Gallaecia) tem a ver precisamente com
o radical Cale. Concretamente com o localizado numa das áreas onde hoje se
encontra a cidade do Porto. Mas, antes de abordarmos essa questão, seria bom
aproximarmo-nos a algumas análises sobre a etimologia e origem linguística Cale.
Hoje sabemos, que a forma Cale esteve e está muito presente em toda a geografia europeia, nomeadamente nas áreas geográficas onde perviviu ou pervive
um substrato linguístico celta3 (ainda que se tem registrado também em outras
línguas indo-europeias como o eslavo ou o albanês). Daí, por exemplo, que na
Europa atlântica (e não só) tenhamos encontrado denominações como Galia,
3
Para Jean Markale (ABCdario dos Celtas. Ed. Público-Flammarion. Paris-Lisboa (2001) p.83)
as palavras e o léxico nas línguas celtas acostumam a ter três ou mais sentidos, o que favorece o
pensamento analógico, permitindo ao mesmo tempo interpretar uma única palavra de formas
diferentes. Para ele, esta é uma característica essencial da cultura Celta, onde o bem e o mau, o natural
e o sobrenatural, o animal e o vegetal, se encontram sempre misturados de forma pouco maniqueísta.
Um exemplo é a palavra gwern que virá a significar ao mesmo tempo ana [medida antiga equivalente
a uma vara], mastro e pântano. O próprio deus Lug poderia designar o corvo, a luz ou a brancura. E
a deusa mãe dos Celtas Cal-leach, que para Tranoy (1981) está na origem do radical Cale, vem a ser
ao mesmo tempo deusa mãe, deusa de fertilidade e deusa da guerra.
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Calais, Galatia, Gaia, Galiza ou PortuGal. Palavras que partilham entre si o radical Cale / Gal.
Fig. 1 - Epigrafia de Sta. Comba (Sobreira, Paredes). Imagem: Magarinhos, 2016
A zona geográfica europeia na que a frequência das formas Cale/Gal é mais importante caracteríza-se por possuir um passado conformado por povos proto-históricos partilhavam uma língua comum indo-europeia que alguns autores (Soler)
relacionam com o goidelico, ainda existindo diversas ramas dentro dela como
seriam a gaélica (Irlanda, Escócia), britônica (Cornualhes, Gales, Bretanha) e a
galaico-lusitana (Galiza e Portugal).
Mas o que nos atinge agora é tentar sabermos qual é a origem exata e significado
de Cale dentro do corpus linguístico celta do que é originário.
Para Tranoy (1981) e Alarcão (1998) a origem do termo (que logo dará lugar
à forma latinizada Calécia / Gallaecia) parte da Deusa mãe dos celtas Cal-leach,
pois era costume romana na altura nomear aos povos conquistados pela denominação dos seus deuses. Nesse sentido, os celtas do Douro, virão a ser os Cal-laicus (Calaicos) ou filhos da Deusa mãe dos celtas Cal-leach. Cuja referencia se tem
encontrado numa inscrição na forma de Calaic-ia no lugar de Sobreira, perto do
Porto.
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Fig. 2 - Localização dos Callaeci segundo Alain Tranoy (1981)
Uma outra analise do radical Cale no âmbito das línguas célticas feita por
Lapesa (1957) e Firmat (1966), liga este com o significado de «pedra», «rochedo», «duro», cuja expressão se adequa com rigor às características geológicas e
graníticas da cidade do Porto, nomeadamente do morro da Sé-Catedral.
Para Martins (1990) o vocábulo pré-indo-europeu Kala, definido como «abrigo», «refúgio», passou à língua celta sob a forma Cale e com significação de
«terra», «montanha». Para ele, o etónimo Calaico/a viria então a denominar ao
«da terra» ao «do lugar».
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Fig. 3 – Localização originária da tribo dos Callaeci no entorno
da atual cidade do Porto (Estravis; Alarcão 1998)
Outras interpretações, do nosso ponto de vista menos consistentes ligam a origem de Cale com os galos ou gálatas. E mesmo há autores que atribuem a fundação de Cale, a uma expedição de galos chegados às terras do Douro através
da Lusitânia. Mencionarmos também aos que como Pedro de Valdés ligam a
origem da palavra com vocábulo grego Kalos, «fermoso», daí que Calécia significasse para este autor «coisa fermosa».
CALE E O NASCIMENTO DA GALIZA (CALÉCIA/GALLAECIA)
Segundo múltiplas interpretações entre as que sugerimos destacar as de Corrêa
(1933), Tranoy (1981) e Silva (2006), a origem do nome da Calécia / Gallaecia
dado pelos romanos (reforma de Diocleciano 284-288 d.C.) ao território político-cultural enquadrado no Noroeste da Península Ibérica, delimitado com a
Lusitânia pelo rio Douro, é um caso de apropriação onomástica a partir dum
topónimo que nomeava apenas o povoamento proto-histórico ou castro de Cale,
localizado na área que compreende o Morro da Sé e o monte da Cividade do
que hoje é a cidade do Porto. Lugar onde se estabelece a localização originária
do primeiro povoamento humano que se tem registrado na cidade.
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A existência do castro ou cívitas de Cale, transmitido até os nossos dias
pelas fontes clássicas, permite-nos afirmar (concordando neste ponto com as
interpretações de quase todos os autores que têm estudado esta questão), que
este topónimo deu nome ao etónimo Calaicos/as (habitantes de Cale), tribo
distribuída em vários povoados proto-históricos na área do que hoje é a cidade
do Porto e a foz do Douro (Sanfins, Penafiel ou Vila Chã) e que contava com
um lugar de importância capital devido ao valor estratégico na encruzilhada de
caminhos que na altura vinha a supor o lugar onde hoje se encontra Morro da Sé
e o Monte da Cividade. Plínio, que definiria aos habitantes de Cale como Caleci
/ Galaicos, fez distinção entre estes e os Lusitanos ao sul do Douro.
Fig. 4 - Mapa do Porto pre- e proto-histórico (Corrêa 1933)
Corrêa (1933) aposta por localizar o monte da Cividade (e o povoado de Cale)
no outeiro enquadrado entre a Batalha e o lugar onde se hoje se encontra estação
de São Bento junto com as ruas adjacentes (Cimo de Vila e da Madeira) que
ligam esta área com o Morro da Sé da cidade do Porto.
Porém, há autores que se têm decidido por localizar a cívitas ou castro de
Cale, e posteriormente o seu porto (Portu Cale) na margem esquerda, na margem sul, do Douro. No que hoje é Vila Nova de Gaia. Mas, uma leitura sossegada
das teses de uma e outra opção, leva-nos a acreditar que o Cale original só tem
podido se localizar na margem direita do rio.
Para Vasconcelos (1095) a mais antiga referência a Cale, é a feita por Salústio
no S. I a.C., e na qual se indica claramente Cale ser uma cidade da Calécia,
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«cívitas in Gallaecia». Ora, a Calécia, como já foi dito, situava-se ao norte do
Douro. Mesmo também Vergílio Corrêia (1928) identifica a cidade de Cale com
o convento dos Brácaros ao norte do Douro.
Neste ponto é pertinente aclarar como bem aponta Manuel de Sousa (2004)
que o facto dos romanos terem dado o nome de Calécia / Gallaecia (honrando assim a feroz resistência oferecida pelos Calaicos na batalha do Douro 4) a
todo o noroeste da Península Ibérica como delimitação político-administrativa
(neste caso o último e mais resistente território a ser conquistado) não quer
dizer, como já comentámos, que toda ela fosse habitada pelos Calaicos. Pois na
altura (S. I a.C.), existiam diversas tribos que mesmo partilhando um substrato
étnico-cultural e um habitat comum, localizavam-se em diferentes populi ou
trebas em todo o noroeste penínsular.
Além dos Calaicos, as fontes escritas e arqueológicas transmitiram-nos
constância de muitos outros populi e agrupações tribais entre as que podemos
citar os Gróvios (Baixo Minho), Ártabros (Artábria, ou área da actual cidade
da Corunha e Ferrol), Célticos (Bergantinhos), Poemanos (Lugo), Brácaros
(Braga), Caporos (Íria Flavia) ou os Quarquernos (Serra dos Gerês) entre outros.
Estas tribos distribuíam-se em pequenas cívitas, populi ou trebas por toda a área
do que logo virá a ser a Gallaecia. Mas só um desses populi, o da área de Cale,
teria a sorte de erigir-se posteriormente em nome da actual Galiza uma vez que
os romanos formam província da Gallaecia no S. III d.C.
4
O primeiro romano em aproximar-se até a (ainda lusitana) margem sul do rio Douro no 137
a.C. (Ovidio, o grande poeta romano, atreve-se incluso a datar a o brutal enfrentamento entre
Calaicos e Romanos no 9 de Junho do 137 a.C.) foi o consul Decimo Júnio Bruto. Lugar, onde
(segundo as fontes) se produz a sangrenta batalha do Douro contra os Calaicos/as desplazados
a terras lusitanas para ajuda-los na sua luta contra a ocupação romana, o qual permitiu logo
às tropas de Bruto atravessar o Douro e entrar nos territórios de Cale. Paulo Osorio (V.5.25)
não sinala expressamente o lugar onde mais de 60 mil Calaicos/as resistiram até a morte a
ocupação das tropas invasoras, mas disse que «os/as calaicos/as em número de 60 mil, acudiram
em auxilio das/os lusitanas/os o que motivou a penetração romana na Gallaecia [no território
de Cale]» Este apontamento, também prova as boas relações existentes na altura entre Calaicos
e Lusitanos. Segundo Estrabão, os calaicos, para atravessar o Douro, usavam barcos de couro.
Decimo Júnio Bruto virá logo a escolher em Roma para ele mesmo o alcume de Calaico pela feroz
resistência deste povo. O próprio Apiano (Iber. 74-75) descreve a expedição e resistência dos/as
Calaicos/as nos seguintes termos: «e atravessando o Douro, decorreu, combatendo, muitas terras...
Este é um povo... e também lutam com eles as mulheres armadas, e morrem com galhardia, sem
que ninguém retroceda, nem volte as costas, nem emita nenhum lamento. De quantas mulheres
eram apressadas, umas voltavam as suas mãos contra si, outras degolavam aos seus próprios filhos,
preferindo a morte à escravidão».
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O PORTO DE CALE: PORTU CALE
Segundo aponta Silva (2006) a «justaposição natural da cívitas [ou castro] de
Cale e o seu porto, portus, poderão justificar a primeira referencia a Portu Cale»
datada na segunda metade do século V d.C. e transmitida pelo Chronicon de
Idácio (§ 175 e anteriores em edição de A. Tranoy). Um Portu Cale que nos
atrevemos a localizar, quase com total seguridade, ao pé da margem norte do
Douro, no que logo virá a ser Ribeira do Porto.
Fig. 5 – Localização de Cale e Portu Cale no plano atual da Cidade do Porto
(Magarinhos 2014)
Idácio, o cronista e bispo de Chaves (falecido em 472 d.C.), afirma textualmente Portu Cale estar situado «ad extremas sedes Gallaeciae» (na extrema da
Gallaecia), que estando separada da Lusitânia pelo rio Douro, «Fluvius Dourus
dividens... Gallaecia et Lusitania...» (Julius Honorius), exclui claramente qualquer hipótese de localização desse sitio na margem esquerda do rio.
Corrêa (1933) escreve que «havia uns 500 ou 600 metros a percorrer [desde
Cale] até o Douro pela via natural de trânsito, nas margens do [afluente] Rio
da Vila». Para o arqueólogo portuense, o vale que se vinha a conformar desde a
Sé e o monte da Cividade até a beira do rio (o que hoje seria as rua das Flores e
Mouzinho da Silveira), ligaria Cale com o seu porto na margem norte do Douro,
estabelecendo-se Portu Cale, já na época romana (daí a origem latina do radical
inicial da palavra) como porto de serventia para Cale.
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Fig. 6 – Imagem do Porto desde a Serra do Pilar (Fonte documental Google.
Editada por Magarinhos 2014)
Chegados a este ponto não faz sentido, como já afirmamos, que o porto de Cale
se situasse do outro lado do rio, no castelo de Gaia, pois, o trajecto natural desde
Cale até o Douro, vinha a encorajar-se através do vale marcado pelo rio da Vila
até a actual Ribeira da cidade. «A Ribeira era o cais natural da Cividade sobre
o Douro» afirma Corrêa (1933).
Portu Cale virá a nascer então como uma derivação natural das actividades
de Cale para a beira do rio. Pois, era este, o processo geral da «pax romana»: o
abandono dos lugares altos e abruptos dos habitats castrejo/celtas e a migração
para os vales, planícies e terras baixas.
É por isto que só a partir do século V d.C. se deixa de se falar de Cale como tal,
e se iniciam as primeiras referências ao «porto de Cale» (Portu Cale). Topónimo
que teria a sorte de erigir-se em nome do atual Portugal, do mesmo jeito que
séculos antes Cale derivou em Calécia / Gallaecia, e hoje Galiza.
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